Serei o Bojack? Review ligeiramente emocional da série "Bojack Horseman"

Disclaimer: contém alguns spoilers, mas apenas sobre características da personalidade das personagens!

É oficial. Terminei as 6 temporadas da série da Netflix "Bojack Horseman" e ainda estou a processar tudo. No entanto, posso já dizer que, até ao momento, esta série foi das coisas que me mexeu mais com o emocional e que apresentou da forma mais realista alguns traços de quem está a dar struggle com a saúde mental.

O seu enredo desenvolve-se na realidade de Bojack Horseman, um cavalo estrela de cinema, depressivo e junkie e as suas interações com um grupo de pessoas (a maioria animais, na verdade), sem querer suavizar as suas partes más e terminar com um "felizes para sempre". Esta série não se trata disso, trata-se, na minha opinião, de mostrar que ninguém é sempre perfeito e feliz, que toda a gente comete erros e que, muitas vezes, remoemos neles anos e anos, mas temos de continuar o "espetáculo".

Por isso é que vemos o Bojack, ainda que mergulhado em fases más, traumas de infância e consequências dos seus atos nada politicamente corretos, a continuar a atuar em projetos de cinema e televisão. Por isso é que vemos a Diane a escrever compulsivamente para mascarar a sua dificuldade em encontrar o propósito de vida em que se sinta realizada plenamente. Também conseguimos observar esta característica em muitas outras personagens, como na Princess Caroline, que põe o seu trabalho como agente/manager à frente de, literalmente, tudo na vida, e até no próprio Mr. Peanutbutter e no Todd que, mesmo sendo das personagens mais alegres da série, vão encontrando problemas e inseguranças, contudo sem deixar de ter foco nos seus projetos estranhos e descabidos (mas que me ajudaram bastante a desanuviar das cenas pesadas).

E no meio disto tudo, com qual das personagens deste universo híbrido entre animais e humanos eu me identifico mais? Não há resposta fixa, uma vez que é difícil escolher uma personagem apenas quando todas trazem algum tipo de ensinamento e um certo grau de relatable, mas talvez uma mistura entre o Bojack e a Diana. Tenho de admitir que ver os primeiros episódios foi um confronto tão grande, por ser uma representação nua e crua de algumas problemas emocionais meus, que fiquei de cama a chorar. Era como se estivesse numa consulta de psicólogo entre mim e um ecrã de computador, a analisar-me constantemente. Ainda assim, não considero que seja mau ter tido este efeito inicial em mim, porque o desenvolvimento da série fez-me refletir em algumas coisas que tenho metido "debaixo do tapete" e a perceber que ninguém é 100% bom, mas também ninguém é 100% mau, e que até um num anti-herói como o Bojack podemos ter empatia e perceber os seus motivos.

Por esta panóplia de características recomendo-vos imenso que vejam esta série, porque, provavelmente, vai mexer com vocês mas também vai fazer-vos rir com as suas aventuras alucinantes e piadas super atuais e inteligentes. Ainda assim, se sentirem que não estão bem psicologicamente e que têm algum tipo de gatilho com questões como depressão, drogas, álcool, overdose, suicídio, etc, não aconselho a verem até que se sintam mais confortáveis com este tipo de conteúdo. Fiquem bem e boas séries! <3

Cumprimentos embuchados,

Lili das Buchas.

Imagem proveniente da conta do Twitter da série Bojack Horseman - https://twitter.com/BoJackHorseman